13 de mar. de 2020



Ana Luísa Moure Peres
Graduanda do 4º ano de Biblioteconomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Estagiária no setor de Referência da Biblioteca Central da UEL.


AVALIAÇÃO DE PERIÓDICOS

Considerados como o principal meio para a realização da comunicação científica, os periódicos científicos são canais formais frequentemente utilizados pelos pesquisadores para a divulgação de suas pesquisas. Sua evolução ao longo do tempo, juntamente com o avanço das tecnologias, contribuiu para aumentar a visibilidade dos resultados das investigações realizadas, que são publicados mais rapidamente e com custos menores.
Desse modo, ao considerarmos a importância dessas fontes para a disseminação do conhecimento, principalmente, e a proliferação de títulos, que crescem a cada ano, torna-se fundamental a apresentação de critérios de qualidade por parte dessas publicações. Assim, é possível verificar a confiabilidade e integridade de seus artigos, o que contribui para o reconhecimento dos autores em meio à comunidade científica.
Essa avaliação, de modo geral, abrange duas categorias a serem analisadas: os aspectos processuais e os resultados provenientes da publicação dos artigos, conforme explicado por Oliveira (2017). Segundo a autora, a primeira categoria contempla os fatores relacionados à gestão editorial, enquanto a segunda concentra-se em análises de citações e níveis de impacto exercidos pelos artigos, por exemplo.
Barbalho (2005) aponta que a avaliação busca contribuir para o atendimento qualitativo das demandas informacionais da comunidade científica, incluindo “questões relativas tanto à forma dos textos produzidos quanto ao mérito do conhecimento produzido, assegurando a sua credibilidade para que atinja o alcance desejado” (BARBALHO, 2005, p. 7). Assim, a autora aponta que para manter boa qualidade, o periódico precisa apresentar periodicidade regular e distribuição abrangente, buscando atender às expectativas do público-alvo, que valoriza o rigor metodológico da pesquisa e da apresentação, conforme as formalidades da comunidade científica.
No Brasil, como explica Silva (2008), a avaliação de periódicos científicos é uma importante ferramenta de política de avaliação da ciência, onde o principal modelo está consolidado pelo instrumento desenvolvido pela Capes, o Qualis Periódicos, reconhecido pela comunidade científica como representante da avaliação da produção científica no país. Para o autor, essa avaliação consiste em um mecanismo de qualificação da produção dos pesquisadores, o que acaba por influenciar as formas de se produzir ciência.
Apesar da existência de critérios de avaliação, é importante ressaltar que a qualidade de um periódico científico “[...] não é um valor facilmente mensurável ou completamente tangível, pois sua estrutura é formada por um conjunto de diversos aspectos, como: conteúdo, forma de apresentação, normalização e produção editorial” (GONÇALVES; RAMOS; CASTRO, 2006, p. 174). Assim, deve-se levar em consideração o propósito da avaliação a ser feita, pois dependendo dos objetivos estabelecidos serão utilizados diferentes critérios e métodos, que acabam por interferir em seus resultados.
Com relação aos modelos de avaliação existentes, as autoras apontam que a maioria contempla os mesmos elementos, adaptando-se somente os graus de exigência e obrigatoriedade no atendimento a cada um deles, que se dividem em duas categorias: aspectos de forma (extrínsecos) e de conteúdo (intrínsecos).
Relacionado aos aspectos intrínsecos, Leite (2009) aponta que o conteúdo científico é o principal fator que determina a qualidade do periódico, onde se consideram características que evidenciam a relevância da publicação, como o predomínio de divulgação de resultados de pesquisas e a presença de artigos tematicamente relacionados à missão da revista, por exemplo. Além disso, a autora escreve que a metodologia e estrutura da redação do texto, assim como contribuições relevantes e originais para o avanço do conhecimento, também são fatores a serem observados nesse âmbito. 
Outro indicador da qualidade relacionado ao conteúdo é a revisão por pares, que consiste, segundo Leite (2009), na submissão do trabalho científico à avaliação de especialistas, considerada imprescindível para a garantia da qualidade e da credibilidade do periódico. A autora aponta que esse processo deve estar descrito nas normas da revista, orientando os autores na preparação de seus textos. Outro fator indicado pela autora está relacionado ao corpo editorial, “fator de qualidade nas avaliações de publicações pelas instituições indexadoras, pelas agências nacionais de ciência e tecnologia e pelos programas de auxílio a publicações científicas” (LEITE, 2009, p. 317).
No que diz respeito aos indicadores de qualidade extrínsecos, Leite (2009) explica que estão relacionados ao formato de apresentação da revista e à qualidade da produção editorial, como a periodicidade, pontualidade, duração, normalização e padronização. A autora também inclui o trabalho editorial nesse âmbito, como a distribuição e o acompanhamento do fluxo de avaliações pelos pares, por exemplo, além da difusão e da indexação, que contribuem para o aumento da visibilidade, acessibilidade e disseminação dos trabalhos científicos.
Portanto, tendo em vista o importante papel desempenhado pelos periódicos científicos no contexto da comunicação científica e da disseminação de informações, pode-se afirmar que essas fontes contribuem para a evolução das áreas do conhecimento, tornando a avaliação dos periódicos uma atividade essencial para o desenvolvimento do saber científico.

REFERÊNCIAS

BARBALHO, C. R. S. Periódicos científicos em formato eletrônico: elementos para sua avaliação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 28., 2005, Rio de Janeiro. Anais [...]. São Paulo: Intercom, 2005.

GONÇALVES, A.; RAMOS, L. M. S. V. C.; CASTRO, R. C. F. Revistas científicas: características, funções e critérios de qualidade. In: POBLACION, D. A.; WITTER, G. P.; SILVA, J. F. M. (org.). Comunicação e produção científica: contexto, indicadores e avaliação. São Paulo: Angellara, 2006. p. 165-190.

LEITE, M. P. F. Avaliando a qualidade de revistas científicas para a publicação de resultados de pesquisas e estudos. Revista Mineira de Enfermagem, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 317-319, jan./mar. 2009.

OLIVEIRA, C. C. V. Qualidade dos periódicos científicos: um modelo-síntese para avaliação com foco nos aspectos extrínsecos e intrínsecos indiretos da publicação. 2017. 283 f. Tese (Doutorado em Gestão e Organização do Conhecimento) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

SILVA, L. A. F. Critérios para qualificar periódicos: a subárea Ciências Sociais Aplicadas I/Ciências da Informação. 2008. 135 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

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