Ana Luísa Moure Peres
Graduanda do 4º ano de Biblioteconomia da Universidade Estadual de
Londrina (UEL).
Estagiária no setor de Referência da Biblioteca Central da UEL.
AVALIAÇÃO DE PERIÓDICOS
Considerados como o principal meio para
a realização da comunicação científica, os periódicos científicos são canais
formais frequentemente utilizados pelos pesquisadores para a divulgação de suas
pesquisas. Sua evolução ao longo do tempo, juntamente com o avanço das
tecnologias, contribuiu para aumentar a visibilidade dos resultados das
investigações realizadas, que são publicados mais rapidamente e com custos
menores.
Desse modo, ao considerarmos a
importância dessas fontes para a disseminação do conhecimento, principalmente,
e a proliferação de títulos, que crescem a cada ano, torna-se fundamental a
apresentação de critérios de qualidade por parte dessas publicações. Assim, é
possível verificar a confiabilidade e integridade de seus artigos, o que
contribui para o reconhecimento dos autores em meio à comunidade científica.
Essa avaliação, de modo geral, abrange
duas categorias a serem analisadas: os aspectos processuais e os resultados
provenientes da publicação dos artigos, conforme explicado por Oliveira (2017). Segundo a autora, a primeira categoria contempla os fatores
relacionados à gestão editorial, enquanto a segunda concentra-se em análises de
citações e níveis de impacto exercidos pelos artigos, por exemplo.
Barbalho (2005) aponta que a avaliação busca
contribuir para o atendimento qualitativo das demandas informacionais da
comunidade científica, incluindo “questões relativas tanto à forma dos textos
produzidos quanto ao mérito do conhecimento produzido, assegurando a sua
credibilidade para que atinja o alcance desejado” (BARBALHO, 2005, p. 7).
Assim, a autora aponta que para manter boa qualidade, o periódico precisa
apresentar periodicidade regular e distribuição abrangente, buscando atender às
expectativas do público-alvo, que valoriza o rigor metodológico da pesquisa e
da apresentação, conforme as formalidades da comunidade científica.
No Brasil, como explica Silva (2008), a
avaliação de periódicos científicos é uma importante ferramenta de política de
avaliação da ciência, onde o principal modelo está consolidado pelo instrumento
desenvolvido pela Capes, o Qualis Periódicos, reconhecido pela comunidade
científica como representante da avaliação da produção científica no país. Para
o autor, essa avaliação consiste em um mecanismo de qualificação da produção
dos pesquisadores, o que acaba por influenciar as formas de se produzir
ciência.
Apesar da existência de critérios de
avaliação, é importante ressaltar que a qualidade de um periódico científico
“[...] não é um valor facilmente mensurável ou completamente tangível, pois sua
estrutura é formada por um conjunto de diversos aspectos, como: conteúdo, forma
de apresentação, normalização e produção editorial” (GONÇALVES; RAMOS; CASTRO,
2006, p. 174). Assim, deve-se levar em consideração o propósito da avaliação a
ser feita, pois dependendo dos objetivos estabelecidos serão utilizados diferentes
critérios e métodos, que acabam por interferir em seus resultados.
Com relação aos modelos de avaliação
existentes, as autoras apontam que a maioria contempla os mesmos elementos,
adaptando-se somente os graus de exigência e obrigatoriedade no atendimento a
cada um deles, que se dividem em duas categorias: aspectos de forma
(extrínsecos) e de conteúdo (intrínsecos).
Relacionado aos aspectos intrínsecos,
Leite (2009) aponta que o conteúdo científico é o principal fator que determina
a qualidade do periódico, onde se consideram características que evidenciam a
relevância da publicação, como o predomínio de divulgação de resultados de
pesquisas e a presença de artigos tematicamente relacionados à missão da
revista, por exemplo. Além disso, a autora escreve que a metodologia e
estrutura da redação do texto, assim como contribuições relevantes e originais
para o avanço do conhecimento, também são fatores a serem observados nesse
âmbito.
Outro indicador da qualidade
relacionado ao conteúdo é a revisão por pares, que consiste, segundo Leite
(2009), na submissão do trabalho científico à avaliação de especialistas,
considerada imprescindível para a garantia da qualidade e da credibilidade do
periódico. A autora aponta que esse processo deve estar descrito nas normas da
revista, orientando os autores na preparação de seus textos. Outro fator
indicado pela autora está relacionado ao corpo editorial, “fator de qualidade
nas avaliações de publicações pelas instituições indexadoras, pelas agências
nacionais de ciência e tecnologia e pelos programas de auxílio a publicações
científicas” (LEITE, 2009, p. 317).
No que diz respeito aos indicadores de
qualidade extrínsecos, Leite (2009) explica que estão relacionados ao formato
de apresentação da revista e à qualidade da produção editorial, como a
periodicidade, pontualidade, duração, normalização e padronização. A autora
também inclui o trabalho editorial nesse âmbito, como a distribuição e o
acompanhamento do fluxo de avaliações pelos pares, por exemplo, além da difusão
e da indexação, que contribuem para o aumento da visibilidade, acessibilidade e
disseminação dos trabalhos científicos.
Portanto, tendo em vista o importante
papel desempenhado pelos periódicos científicos no contexto da comunicação científica
e da disseminação de informações, pode-se afirmar que essas fontes contribuem
para a evolução das áreas do conhecimento, tornando a avaliação dos periódicos
uma atividade essencial para o desenvolvimento do saber científico.
REFERÊNCIAS
BARBALHO, C. R. S. Periódicos científicos em formato eletrônico:
elementos para sua avaliação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA
COMUNICAÇÃO, 28., 2005, Rio de Janeiro. Anais [...]. São Paulo:
Intercom, 2005.
GONÇALVES, A.; RAMOS, L. M. S. V. C.; CASTRO, R. C. F. Revistas
científicas: características, funções e critérios de qualidade. In: POBLACION, D. A.; WITTER, G. P.; SILVA, J. F. M.
(org.). Comunicação e produção científica: contexto, indicadores e avaliação.
São Paulo: Angellara, 2006. p. 165-190.
LEITE, M. P. F. Avaliando a qualidade de revistas científicas para a
publicação de resultados de pesquisas e estudos. Revista Mineira de
Enfermagem, Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 317-319, jan./mar. 2009.
OLIVEIRA, C. C. V. Qualidade dos periódicos científicos: um
modelo-síntese para avaliação com foco nos aspectos extrínsecos e intrínsecos
indiretos da publicação. 2017. 283 f. Tese (Doutorado em Gestão e Organização
do Conhecimento) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.
SILVA, L. A. F. Critérios para qualificar periódicos: a subárea
Ciências Sociais Aplicadas I/Ciências da Informação. 2008. 135 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2008.
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