postado por
Ivone Guerreiro Di Chiara
Profª do Depto de Ciência da Informação
A cooperação no desenvolvimento
de coleções sempre foi um assunto muito discutido nos congressos de
biblioteconomia brasileiros e, por muito tempo, o relato de experiências
desastrosas causava uma frustração muito grande entre os profissionais que
acreditavam estar na cooperação a saída para enfrentar os frequentes cortes
orçamentários destinados a aquisição de coleções físicas nos diferentes tipos
de bibliotecas. As causas apontadas para esses fracassos eram as mais
diversas, desde a incapacidade
financeira dos participantes dos planos cooperativos para arcar com suas
responsabilidades até a extensão territorial do país e limitações do sistema de
comunicação.
Uma
vez até ouvi de um renomado especialista da área que a provável causa desses
fracassos estava relacionada ao discurso de posse dos bibliotecários que
consideravam as coleções físicas adquiridas
de forma cooperativa como suas e
rejeitavam na prática o ato de dividi-las com outras bibliotecas em detrimento do
atendimento aos próprios usuários.
Com
o avanço da tecnologia e a crescente produção e disseminação de coleções
online, esse discurso de posse se esvaziou. A coleção online não pertence a
ninguém, todos os autorizados podem acessá-las e esse foi, na minha opinião,
uma dos maiores benefícios trazidos pelo desenvolvimento das tic’s (tecnologias
de informação e comunicação) ao desenvolvimento de coleções.
Esse
avanço não beneficiou apenas a cooperação enquanto um processo de aquisição,
beneficiou diretamente os próprios usuários que não dependem mais do empréstimo
bibliotecário e até do próprio deslocamento a unidade de informação para
acessar a informação quando esta existe em formato online. Hoje eles dependem
apenas de uma infraestrutura mínima em termos de hardware e software para
acessar e-books, periódicos, diretórios digitais e outras fontes de informação
desde que a instituição ou empresa a que pertencem tenham licença para acesso.
Mas,
apesar das previsões com relação aos formatos dos acervos, continuamos
convivendo com materiais físicos e online, ou seja, com coleções híbridas e o
compartilhamento de acervos físicos enfrentou no passado, enfrenta hoje e
enfrentará no futuro as dificuldades já conhecidas porque o acesso ocorre após
a posse do material .
Contudo, observamos que os
fornecedores tradicionais de materiais de informação tem se transformado em
grandes conglomerados que oferecem acesso a materiais eletrônicos permitindo em
muitos casos a obtenção de fotocópias dos artigos de periódicos solicitados
pelos usuários, o que sugere um
uso mais racional da informação, principalmente quando isso ocorre de forma
compartilhada, incluindo várias instituições que não tem a posse física do
material, mas tem o acesso assegurado.
Há muitos periódicos importantes que estão disponíveis somente na web, e diversas editoras renomadas também já estão se organizando nas bibliotecas virtuais.
ResponderExcluirInfelizmente esse produto ainda tem um custo muito elevado, porém esse é um assunto para outra discussão...