11 de abr. de 2018

PROCESSOS DE DESBASTE E DESCARTE DA COLEÇÃO DE REFERÊNCIA DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UEL: RELATO

Elaborado por:
Edileusa Regina Aguiar dos Santos
Natali Silvana Zwaretch
Neide Maria Jardinette Zaninelli

A Biblioteca Universitária deve apresentar a informação de forma organizada, clara, concisa para a comunidade que está inserida, promovendo assim, ações de forma ágil e equilibrada em seu acervo. Para que uma coleção se desenvolva de forma racional e harmônica é importante que o profissional bibliotecário crie estratégias que assegurem a continuidade e a adequação precisa à formação e desenvolvimento do acervo.
A coleção da Divisão de Referência da Biblioteca Central da UEL é composta por livros, bibliografias, catálogos, diretórios, dicionários e enciclopédias especializados/técnicos e/ou linguísticos, atlas, mapas, periódicos e outros tipos de documentos.
Este relato está baseado nos descartes realizados nos anos de 2016 a 2018 dos Periódicos de Referência, ou seja, das Fontes Secundárias, os quais trazem informação agrupada/organizada, cujo conteúdo é baseado nas pesquisas e/ou documentos primários, que reúne e resume informações publicadas por vários autores, artigos de revisão, artigos de divulgação científica e outros. Os títulos avaliados foram: Chemical Abstracts, Psychological Abstracts, Animal Breeding Abstracts, Index Veterinarius, Veterinary Bulletin, Bibliography of Agriculture, Food Science and Technology Abstracts, e outros que se encontram em processo de descarte. Estes títulos já haviam sido desbastados da Coleção de Periódicos em 2003, os quais seguiram os critérios de: falta de consulta, desatualização e ocupação desnecessária do espaço.
Dias, Silva e Cervantes (2012, p. 46) afirmam que a eclosão dos documentos eletrônicos ampliou os meios de acesso e recuperação da informação, “fenômeno” que culminou no aumento dos “desafios de construção e implementação da política de desenvolvimento de coleções”.
Lancaster (1996 apud ROCHA, 2011) ressalta que o “desbaste pode melhorar a qualidade de um acervo”, haja vista que é a transferência de materiais antigos e pouco utilizados pelos usuários, para outros locais especialmente criados para abrigar este material, razão pela qual o desbastamento de um acervo é o “aproveitamento do espaço disponível em uma biblioteca.” E o descarte, para Rocha (2011) “é a retirada definitiva do material do acervo da biblioteca, com a correspondente baixa nos arquivos de registro da mesma.”
De acordo com Miranda (2004, p. 141) a prática de desenvolver coleções “[...] implica sistematizar e criar procedimentos para seleção, aquisição, avaliação e desbastamento do acervo.” Nesse sentido, o desbaste e descarte dos acervos do Sistema de Bibliotecas da UEL atende a Política de Desenvolvimento de Coleção, que possui critérios específicos como:

Obras que estão muito danificadas em condições físicas irrecuperáveis; volumes gastos, com páginas quebradiças, folhas ácidas e/ou faltando páginas ou partes, e ainda contaminadas por agentes biológicos [...]
Substituição de formato impresso por outros formatos eletrônicos, ou seja, as obras encontram-se indexadas em bases de dados bibliográficas disponíveis para acesso gratuito pelo Portal da CAPES;
Obras com seus conteúdos totalmente desatualizados e inadequados em relação aos atuais interesses do público-alvo da biblioteca (UEL, 2018).

O processo de desbaste de um material envolve o comprometimento e atitude do profissional ao avaliar e decidir se o mesmo deve ou não permanecer no acervo. Para Silva, Castro Filho e Quirino (2012, p. 51) é “uma tarefa de difícil execução, porém, não deve ser evitada, em que todas as decisões obedecem às políticas previamente aprovadas.”
Dessa forma a Divisão de Referência procedeu o descarte do material já desbastado em 2003 considerando a “Política de Desenvolvimento de Coleções do Sistema de Bibliotecas da UEL” utilizando os seguintes argumentos no “Laudo Técnico de Descarte” para as publicações periódicas:

§  As obras em materiais impressos encontravam-se em desbaste desde março de 2003, e, durante esse período não ocorreu nenhuma solicitação para consulta;
§  As obras estão com seus conteúdos totalmente desatualizados, e inadequados em relação aos atuais interesses do público-alvo;
§  As obras estão muito danificadas (inclusive faltando partes), com folhas ácidas e contaminadas por agentes biológicos (brocas, traças e outros);
§  Ocorreu a substituição de formato impresso por outros formatos eletrônicos, ou seja, as obras encontram-se indexadas em bases de dados bibliográficas disponíveis para acesso gratuito pelo Portal da CAPES.

Após a elaboração do Laudo Técnico de Descarte o mesmo foi submetido a avaliação de um docente especialista da área, e aprovado mediante a assinatura no laudo junto a Diretora do SB/UEL e a Chefe de Divisão da Referência. Na sequência o laudo, juntamente com a listagem das obras a serem descartadas foram apresentados em reunião para conhecimento e aprovação da “Comissão de Avaliação de Materiais Inservíveis”, que tem por competência a consolidação dos laudos de inservibilidade e obsolescência do material bibliográfico. Esta Comissão é composta pela diretoria do Sistema de Bibliotecas, Chefes das Divisões de Formação e Desenvolvimento da Coleção e de Referência da BC e por um docente representante de cada Centro de Estudos.
Concluímos, portanto, que a comunidade universitária não foi prejudicada com o descarte das referidas obras, visto que as mesmas estão contempladas no Portal de Periódicos da CAPES em formatos eletrônicos e atualizados. E, em contrapartida, o acervo ganhou espaço, ampliando a área de estudo aos usuários, bem como qualidade de conteúdo da coleção e melhor aspecto visual do ambiente.

REFERÊNCIAS
DIAS, G. D.; SILVA, T. E.; CERVANTES, B. M. N. Política de desenvolvimento de coleções para documentos eletrônicos: tendências nacionais e internacionais. Encontros Bibli, Florianópolis, v. 17, n. 34, p. 42-56, 2012.
MIRANDA, A. C. C. A política de desenvolvimento de coleções no âmbito da informação jurídica. In: PASSOS, E. (Org.). Informação jurídica: teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2004.
ROCHA, S. F. Desbaste é o mesmo que descarte? 2011. Disponível em: http://guiabibliotecario.blogspot.com.br/2011/12/desbaste-e-o-mesmo-que-descarte.html. Acesso em: 29 mar. 2018.
SILVA, M. R.; CASTRO FILHO, C. M.; QUIRINO, P. O. Desbaste e descarte em bibliotecas universitárias: mapeamento da produção científica. BJIS, Marília, v. 6, n. 2, p. 49-64, jul./dez. 2012.

UEL. Sistema de Bibliotecas. Política de Desenvolvimento de Coleções do Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual de Londrina. Londrina, 2018. No prelo.

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