PERIÓDICOS CIENTÍFICOS ELETRÔNICOS: ALGUMAS
ABORDAGENS
Geneviane Duarte Dias
Bibliotecária da Divisão de Formação e
Desenvolvimento da Coleção do
Sistema de Bibliotecas da UEL.
Os periódicos
científicos vêm enfrentando alguns problemas, tais como o aumento considerável
dos preços e dos títulos existentes. Inicialmente essas eram preocupações
somente dos bibliotecários. Porém, durante a década de 1990, essa situação
preocupante estendeu-se também entre os autores e os editores das revistas. No
entanto, o crescimento da comunicação eletrônica na década passada tem sugerido
ao mundo acadêmico que este modelo de publicação de periódicos científicos pode
reduzir os custos consideravelmente. É razoável supor que o advento da internet
e o crescimento das publicações eletrônicas promoveram a disseminação
científica em grande escala, facilitando a transferência de artigos e arquivos
via correio eletrônico e provocando alterações significativas nas atividades de
pesquisa, desenvolvimento e inovação (MEADOWS, 2011).
Considerando, principalmente, o cenário nacional pouco
favorável em virtude de escassez de recursos financeiros, os periódicos
eletrônicos se apresentam como uma solução para a continuidade do conhecimento
científico, proporcionando maior abertura, rapidez no alcance dos artigos com
custos mínimos e possibilidades de impressão de cópias imediatas dos artigos.
Em decorrência da migração do suporte impresso para o eletrônico, são
solucionados alguns desses problemas relacionados à publicação e à manutenção dos
periódicos. Sendo assim, outras questões passam a atribuir maior influência,
tais como visibilidade, recuperação e armazenamento de arquivos (SARMENTO;
SOUZA, 2002).
O desenvolvimento das publicações eletrônicas pode ser
dividido em quatro etapas. Na primeira ocorre o uso de computadores para gerar
a publicação impressa (processadores de texto, editoração eletrônica). Na
segunda etapa o texto passa a ser distribuído em formato eletrônico, além da
versão equivalente impressa. Na terceira etapa a publicação eletrônica ainda
apresenta o formato da impressa, porém agrega algumas características
adicionais, como possibilidade de pesquisa, produção de metadados e serviços de
alerta. Finalmente, na quarta etapa, as publicações são elaboradas já voltadas
para o formato eletrônico, explorando potencialmente todos os recursos
disponíveis (hiperlink, hipertexto, som, movimento, entre outros)
(LANCASTER, 1995).
Mesmo no panorama
dos periódicos eletrônicos, os custos ainda são um dos temas mais debatidos.
Variações em sua concepção e manutenção podem gerar custos de produção
diferentes. Os periódicos eletrônicos podem ser menos dispendiosos, variando de
70% a 90% em relação à publicação impressa. Isso ocorre porque nas publicações
em formato eletrônico (somente em formato eletrônico) incidem apenas os custos
relativos à revisão pelos pares e à edição de texto. No entanto, o custo real
de um periódico eletrônico irá depender do tipo de documento de codificação que
será utilizado. Existe uma tendência em produzir os artigos de periódicos
eletrônicos em múltiplos formatos. Isso para garantir que os usuários
potenciais tenham acesso a um formato que seus computadores possam suportar
(HARNAD, 1995; HOLOVIAK; SEITTER, 1997, tradução nossa).
Os custos das publicações periódicas estão intimamente relacionados
com os custos de produção. Porém, os críticos dos periódicos científicos têm
observado que alguns editores comerciais parecem acrescentar um lucro
substancial ao definir os preços das assinaturas. No caso de periódicos impressos,
o assinante paga por uma cópia do periódico e o seu acesso torna-se perpétuo.
Após o recebimento e o armazenamento, podem emprestá-lo e ler os artigos por um
período ilimitado. No caso de periódicos eletrônicos, os assinantes estão
pagando pelo acesso e não a posse. Após a expiração da sua assinatura, o acesso
ao periódico original é perdido, a menos que a renovação da assinatura seja
efetuada (KLING; CALLAHAN, 2003, tradução nossa).
Os periódicos científicos eletrônicos apresentam
diferenciais relevantes, tais como a velocidade de disponibilização permitindo
maior agilidade na busca pela informação, a eliminação de barreiras geográficas
e o acesso gratuito a centenas de documentos. Porém, a publicação eletrônica
por si só não tem validade científica. Antes, deve ser julgada pelos mesmos
critérios e padrões de avaliação utilizados nas publicações impressas, ou seja,
política da revista, avaliação,
reconhecimento e aceitação pelos seus pares (BOMFÁ, 2009).
A publicação eletrônica está sendo adotada também como uma alternativa
aos autores que são incapazes ou não querem depender totalmente da indústria
editorial. Todos os sistemas, inclusive o eletrônico, dependem das habilidades
editoriais para que suas publicações tenham êxito e sejam bem-sucedidas. Apesar
das alterações nos suportes, as forças do mercado editorial continuam exercendo
um controle significativo sobre o sistema formal de comunicação científica
(ALONSO-ARÉVALO, 2004, tradução nossa).
O meio eletrônico oferece potencial intelectual e vantagens
econômicas sobre as revistas em papel, uma vez que os artigos estão disponíveis
integralmente e ao mesmo tempo para leitores de todo o mundo. Após sua
aceitação, um artigo pode se tornar disponível rapidamente e ser acessado muito
antes da versão impressa. Porém as barreiras econômicas podem ser um
agravante. Caso o avanço editorial atenha-se somente às publicações
eletrônicas, uma grande parte da população mundial, principalmente os países em
desenvolvimento, pode ser excluída do acesso às publicações por razões
puramente econômicas. Outro aspecto é a dificuldade de proteção da integridade
das informações em periódicos eletrônicos, bem como a dificuldade de
armazenamento e manutenção dessas publicações (HÖÖK, 1999, tradução
nossa).
Para as bibliotecas, a transição dos periódicos
científicos para a versão eletrônica apresenta uma série de críticas e
perguntas e que essa discussão tem sido alvo de muitos estudiosos. Essas
ansiedades podem ser resumidas por meio dos seguintes questionamentos:
a)
Será que a versão eletrônica do periódico custa mais ou
menos do que a versão em papel?
b)
Quais serão os termos de licenciamento e quem irá
negociá-los?
c)
Com qual rapidez eu devo fazer a transição para
periódicos eletrônicos?
d)
Devo interromper a minha assinatura de periódicos
impressos?
e)
Quais serviços os periódicos eletrônicos irão me fornecer
que sejam relevantes para os meus usuários?
f)
Será que vou ser capaz de selecionar os periódicos que eu
quero inserir em minha coleção ou será que os periódicos serão agrupados pelo
editor de origem?
g)
Como será a integração do periódico eletrônico em meu
catálogo local e em outros serviços de referência, como por exemplo, as bases
de dados bibliográficas?
Este
estudo pode ser lido na integra no trabalho denominado Organização Temática da
Informação em Periódicos Científicos Eletrônicos desenvolvido na linha de
pesquisa Organização e Representação da Informação e do Conhecimento do
Programa de Mestrado Profissional da Universidade Estadual de Londrina.
REFERÊNCIAS
ALONSO-ARÉVALO, J. Comunicación científica y edición alternativa:
visibilidad y fuentes de información en ByD. 2004. Disponível em:
http://eprints.rclis.org/ handle/10760/6855#.TslNVOzIiSo. Acesso em: 7 set. 2011.
BOMFÁ, C.R.Z. Modelo de gestão de periódicos científicos eletrônicos
com foco na promoção da visibilidade. 2009. 238 f. Tese (Doutorado em Gestão do Processo Editorial) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/cp122272.pdf. Acesso em: 1 nov. 2011.
HARNAD, S. Electronic scholarly publication: quo vadis? Ser. rev., New
York, v. 21, n. 1, p. 78-80. 1995. Disponível em:
http://cogprints.org/1691/1/harnad95.quo. vadis.html. Acesso em: 5 nov. 2011.
HOLOVIAK, J.; SEITTER, K. Hearth interactions:
transcending the limitations of the printed page. Journal of Electronic
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http://hdl.handle.net/2027/spo.3336451.0003.102. Acesso em: 2 set. 2011.
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MEADOWS,
A.J. Os periódicos científicos e
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SARMENTO E SOUZA, M. F. Periódicos
científicos eletrônicos: apresentação de modelo para análise de estrutura.
2002.
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