Natali Silvana Zwaretch
Bibliotecária da Divisão de Referência do SB/UEL
Desde a Idade média o silêncio nas
bibliotecas é considerado como uma norma universal, padrão essencial para que o
objetivo da biblioteca seja atendido, o qual se destina a proporcionar um
espaço onde os usuários possam se concentrar na leitura e conhecimento.
Na idade média, o acesso aos livros era
privilégio de poucos, principalmente dos monges, visto que a finalidade da biblioteca era garantir a preservação da memória. As bibliotecas Monásticas da
Igreja Católica consideravam os livros sagrados, impondo regras rígidas para o
acesso aos pergaminhos e livros da época. Para tanto, nessa época, segundo
Saenger (2002, p. 161):
[...] o ato de ler em voz alta dentro das bibliotecas
dos mosteiros causava um enorme incômodo aos leitores vizinhos. Com isso, as
normas das ordens religiosas passaram a exigir que cada convento ou mosteiro
estipulasse uma sala de leitura em que o silêncio fosse absoluto, passando a
reconhecer-se, a partir do regulamento da Biblioteca de Oxford do ano de 1431, a biblioteca como um
local de total silêncio.
O conceito de biblioteca vem se alterando nos
últimos anos, tanto pelos novos recursos e serviços disponíveis, como pelo usuário
na busca da informação. A troca de experiências,
informações e difusão do conhecimento é de extrema importância dentro das
instalações da biblioteca, onde a interação e mediação da informação ocorre com
mais intensidade. As bibliotecas vem buscando adequar-se a essas novas
exigências, sempre com a premissa de que são ambientes voltados à
discussão e ao aprendizado.
Esse é o novo e grande desafio
das bibliotecas: adequar-se às novas exigências, tanto de informação como de
usuário, e manter um ambiente silencioso. Alguns estudos mostram que uma
mudança no layout do ambiente pode fazer a diferença, alternando espaços de
estudos individuais e em grupo, colocando mesas mais distantes umas das outras, para melhor
concentração dos usuários.
Nesse sentido, o Regulamento do Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual de
Londrina prevê, em seu Art. 20º, como dever do usuário, “respeitar a
ordem, a disciplina e o silêncio no recinto da Biblioteca” (UEL, 2016).
Porém, o que se observa é que os usuários,
quando estão saindo ou entrando no hall principal da biblioteca, não se conscientizam
que este espaço está dentro da biblioteca e não diminuem o volume da voz. Mas...
Manter o Silêncio nas dependências das
Bibliotecas é comportamento essencial e que deve ser respeitado,
principalmente nos seguintes locais:
- a partir da
porta e hall de entrada das bibliotecas;
- durante a
guarda de material nos escaninhos;
- ao consultar o
catálogo on-line;
- no balcão de empréstimos;
- no salão de
estudos e laboratório de informática.
Algumas atitudes por parte dos servidores e
da Biblioteca também se faz necessário, como:
- falar em tom
baixo ao realizar o atendimento;
- adequar as rotinas de
trabalho para que haja o menor ruído possível;
- evitar conversas paralelas
em áreas de estudos e estantes;
- manter campanhas
permanentes de silêncio para conscientizar os usuários da importância do
silêncio no recinto das Bibliotecas.
Nesse sentido, faz-se necessário a
realização de campanhas sistemáticas do silêncio, sempre com o objetivo de “reforçar”
a importância de respeitar os usuários que frequentam as dependências das
bibliotecas, buscando concentração e silêncio
para seus estudos, sendo primordial o comprometimento de todos os usuários e funcionários no
sentido de colaborar para um ambiente mais silencioso.
Referências
SAENGER, Paul. A leitura nos séculos finais da Idade Média. In: CAVALLO,
Guglielmo; CHARTIER, Roger (Org.). História da leitura no mundo ocidental. São
Paulo: Ática, 2002. p. 147-184.