PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS À COMUNIDADE (PSC): CASO DA
BIBLIOTECA SETORIAL DE CIÊNCIAS HUMANAS DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UEL
(BS/CH-SB/UEL)
Roseli Inácio Alves
Bibliotecária responsável
pela Biblioteca
Setorial
de Ciências Humanas do SB/UEL
Motivar a volta ao convívio social, certificar os direitos dos cidadãos envolvidos em cumprir a pena nos locais, e refrear a reincidência dos atos ilícitos, é o foco do programa de Prestação de Serviços à Comunidade. A participação dos envolvidos é essencial para o sucesso do programa, bem como das pessoas que os recebem, ou seja, a sociedade e o Estado. É dever recebê-los e inseri-los numa relação social, não como uma punição ao ato, mas sim como forma de aprendizado no contexto de trabalho.
Desde 2001 o Sistema de Bibliotecas da UEL tem recebido
colaboradores para prestação de serviços à comunidade, em todas as suas unidades.
A Biblioteca Setorial de Ciências Humanas, por sua vez, já recebeu nesse
período 66 beneficiários que contribuíram muito na prestação de serviço à
instituição.
Com o intuito de auxiliar no processo de reinserção social, a
BSCH colocou-se como instituição receptora dos beneficiários do Patronato
Penitenciário de Londrina. Nesta biblioteca setorial, tem-se o cuidado e
responsabilidade de orientar os serviços, tais como: higienização de material
de informação, controle de portaria, manutenção predial, digitação, reposição
de material nas estantes, entre outras atividades, tentando inserir no
cotidiano da mesma forma como se fossem funcionários, com as regras básicas
necessárias para o bom andamento do setor.
O trabalho de acolhida desses beneficiários, realizado pela
BSCH, em especial, é de suma importância, oportunizando aos que necessitam, o
retorno ao convívio social enquanto cidadão, resgatando, consequentemente,
valores que, muitas vezes, encontravam-se adormecidos.
Um caso
recente da BS/CH é da beneficiária que
presta serviços por 14 horas semanais, e que necessita cumprir uma carga
horária total de 1.095 horas.
Desde o
início mostrou-se familiarizada com o setor, oportunidade em que deu um feedback de como se sente em relação às
pessoas e trabalho neste momento de sua vida: “No início foi muito difícil, porque quando somos obrigados a fazer algo
nunca encaramos com bons olhos e ainda mais quando pensamos que somos excluídos
[...] Apreensiva e com ansiedade iniciei meu trabalho que para minha surpresa
fui muito bem recebida, tratada como uma trabalhadora normal com respeito e
amizade e muito carinho pela responsável da Biblioteca e pelos colegas que me
ensinaram todo o trabalho, e que faço com muita satisfação por que sinto que
sou útil e cada dia de trabalho é um novo aprendizado [...]. Enfim, essa que era para ser uma experiência ruim, pelo
contrário, conheci pessoas humanas, e um ótimo ambiente de trabalho. Aprendi também
que devemos enfrentar os nossos medos e sentir que também podemos ser importantes
e deixar o passado para trás, iniciando uma nova vida, acima de tudo com a
cabeça levantada saber que podemos ser respeitados.” (Depoimento beneficiária,
2015).
Com
novas perspectivas, os patronatos têm um novo olhar para o futuro, sentindo-se
capazes de uma nova reinserção dos beneficiários na sociedade. Como unidade
acolhedora, a BSCH se sente cumpridora dessa assistência.
O Patronato Penitenciário de Londrina (PLDA) – Dr. Héber
Soares Vargas, nos termos do Decreto Estadual nº 3.877 de 11 de abril de 2001,
é um órgão da Secretaria de Estado
da Justiça e da Cidadania e
subordinado ao Departamento Penitenciário do Estado do Paraná-DEPEN, destinando-se à execução das penas em regime
aberto, através da assistência jurídica, social, psicológica, pedagógica e
cultural aos apenados à Prestação de Serviços à Comunidade (PSC).
O Estado do Paraná vem adotando uma política de vanguarda na
área de execução penal. Basta lembrar que este Estado é o único da Federação a
contemplar dois Patronatos Penitenciários, e uma política ostensiva de apoio ao
apenado, ao egresso e seus familiares. Para isso, conta com o apoio de uma
extensa rede de programas de assistência ao egresso, denominados “Programas
Pró-Egressos”, que supervisionados pelos Patronatos, promovem a assistência ao
apenado e ao egresso em todas as regiões do Estado do Paraná (PLDA).
Esta readequação da conduta social dos assistidos tem
revelado o valor da auto-estima e subsequente volta ao trabalho. Cada um que
passa por nós tem uma história e nos retribuem, na grande maioria, com a
gratidão. Recentes aprovações de detentos no
vestibular da instituição comprovam o sucesso do programa e o comprometimento
do beneficiário, lembrando que o Patronato é um modelo consolidado, mas deixa
espaço para outras ações e iniciativas.
REFERÊNCIA
PARANÁ. Secretaria Departamento
de Execução Penal - DEPEN. Patronato
Penitenciário de Londrina – PLDA. Disponível em: http://www.depen.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=42.
Acesso em: 21 jul. 2015.