28 de jan. de 2015

TRATAMENTO INTELECTUAL DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

Geneviane Duarte Dias
Bibliotecária da Divisão de Formação e

Desenvolvimento da Coleção do Sistema de Bibliotecas da UEL

O desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e informação veio transformar o mundo, abrindo as portas para a transmissão do conhecimento. Uma parcela cada vez maior de informações e documentos em formato eletrônico, que não podem ser mensurados, tem ganhado cada vez mais adeptos em todo o mundo. Porém, se por um lado, o advento da tecnologia eletrônica reduziu o tempo entre a produção e publicação das informações, por outro, provocou uma baixa revocação dos documentos recuperados nos Sistemas de Recuperação da Informação (SRI). Essas condições ocasionaram um caos na recuperação desses documentos eletrônicos. Com o objetivo de organizar as informações e disponibilizá-las aos usuários, as instituições têm investido mecanismos e instrumentos que auxiliam no processo de tratamento e recuperação da informação (NOVO, 2010).
            A organização da informação compreende a descrição dos documentos de acordo com seus aspectos físicos e temáticos. A explosão informacional e a evolução das tecnologias de comunicação e informação trouxeram consigo o aumento da produção e da circulação de documentos eletrônicos, e neste contexto, “A aplicação dos processos e métodos de tratamento da informação exige que se definam previamente conjuntos de recursos eletrônicos a serem tratados, com os respectivos objetivos que primeiro determinaram a definição desses conjuntos.” (DIAS, 2001). 
            Nesse cenário, os metadados desempenham um papel importante na gerência dos documentos eletrônicos, pois os mesmos representam a chave para a localização e a recuperação dos recursos ou documentos. Fornecem o suporte de identificação, descrição e posição da rede recursos eletrônicos, cujas características não são efetivamente apoiadas por mecanismos de busca atuais, devendo ser produzidos e associados a recursos de internet para que os serviços de busca possam ser desenvolvidos.
            Iniciativas estão sendo conduzidas com o propósito de discutir a questão e propor padrões de descrição de recursos de informação, como é o caso do Dublin Core Metadata (DCMI). Esta organização dedica-se em promover a adoção de padrões de interoperabilidade de metadados e desenvolver vocabulários especializados para descrever fontes que tornem mais inteligentes os sistemas de descobrimento de informações. O Dublin Core é uma iniciativa da DCMI e pode ser definido como o conjunto de elementos de metadados, planejado para facilitar a descrição de recursos eletrônicos e tem como objetivo principal descrever objetos digitais, tais como, vídeos, sons, imagens, textos e sites na Web (SOUZA; VENDRUCULO; MELO, 2000).
            A Library of Congress também promove a produção de outros esquemas de metadados adotados mundialmente e usam como base de desenvolvimento de coleções digitais, como por exemplo: MARC 21, MARC em XML (Extensible Markup Language), METS (Metadata Enconding & Transmissin Standart), EAD (Encoded Archival Description); entre outros (ROSETTO, 2008).
              O ambiente digital, sua estrutura de informação e o uso de metadados, têm uma relação direta com o ambiente tradicional de informações descritas em formulários seguindo padrões específicos, como por exemplo, o MARC, o AACR2, a CDU e a LCC (Classificação da Biblioteca do Congresso). A principal diferença da aplicação em ambos os casos, está no acesso aos conteúdos. Se por um lado, em uma biblioteca tradicional uma classificação remete a localização física de um documento impresso disposto na estante, por outro, a classificação da informação no ambiente digital indica links para acessar documentos eletrônicos (MONTEIRO, 2010).
            Podemos encontrar várias outras tipologias no ambiente eletrônico do Sistema de Classificação Decimal Dewey, tais como: Cyber Dewey, Dewey for Windows; Web Dewey; Web Dewey in Corc; Dewey Classification in view-based searching; Dewey Search (NICULESCU, 2009).
            Durante muito tempo, as discussões que se desenvolviam em torno da descrição física de documentos eletrônicos, eram centradas no principal objetivo de desenvolver um catálogo que permitisse o acesso a esses documentos. Não se discutia a possibilidade de tratar o conteúdo dos documentos através de sua indexação, ou através da criação de bases de dados mais estruturadas ou, ainda, através do desenvolvimento de sistemas de motores de busca mais sofisticados e que pudessem ser mais eficientes na busca da informação (BIOJONE, 2000).
          Diante do exposto, ressalta-se a importância em se encontrar uma solução ou um padrão, que venha garantir a recuperação exata da informação dos documentos eletrônicos no ambiente virtual, visando o aprimoramento de teorias, métodos e práticas de organização e recuperação da informação com base em um universo mesclado, onde coexistem diversos tipos e suportes documentais (ORTEGA, 2008).


REFERÊNCIAS

BIOJONE, Mariana Rocha. Forma e função dos periódicos científicos na comunicação da ciência. 2001. 107 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação e Documentação) – Universidade de São Paulo, São Paulo.
DIAS, Eduardo, Wense. Contexto digital e tratamento da informação. DataGramaZero, Rio de Janeiro, v. 2, n. 5, out. 2001. Disponível em: http://www.dgz.org.br/out01/F_I_aut.htm. Acesso em: 10 jan. 2015.
MONTEIRO, Fernanda de Souza. Organização da informação: proposta de elementos de arquitetura da informação para repositórios digitais institucionais, baseados na descrição física e temática. In: ROBREDO, Jaime; BRÄSCHER, Marisa (Org.). Passeios no bosque da informação: estudos sobre representação e organização da informação e do conhecimento. Brasília/DF: IBICT, 2010. Capítulo 7, p. 130-145. Disponível em: http://www.ibict.br/publicacoes/eroic.pdf. Acesso em: 10 jan. 2015.
NOVO, Hildenise Ferreira. A taxonomia enquanto estrutura classificatória: uma aplicação em domínio de conhecimento interdisciplinar. PontodeAcesso, Salvador, v. 4, n. 2, p. 131-156, set. 2010. Disponível em: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/article/view/4103/3409. Acesso em: 10 jan. 2015.
NICULESCU, Zenovia. Decimal classification editions. Library and Information Science Research, Bucharest, n. 13, p. 42-50. 2009. Disponível em: http://www.lisr.ro/en13-niculescu.pdf. Acesso em: 10 jan. 2015.
ORTEGA, Cristina Dotta. Fundamentos da organização da informação frente à produção de documentos. TransInformação, Campinas, v. 20, n. 1, p. 7-15, jan./abr. 2008. Disponível em: http://revistas.puc-campinas.edu.br/transinfo/viewissue.php?id=18. Acesso em: 10 jan. 2015.
ROSETTO, Marcia. Bibliotecas digitais: cenário e perspectivas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, Nova Série, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 101-130, jan./jun. 2008. Disponível em: http://www.febab.org.br/rbbd/ojs-2.1.1/ index.php/rbbd/article/view/101/92. Acesso em: 10 jan. 2015.

SOUZA, Marcia Izabel Fugisawa; VENDRUSCULO, Laurimar Gonçalves; MELO, Geane Cristina. Metadados para a descrição de recursos de informação eletrônica: utilização do padrão Dublin Core. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 1, p. 93-102, jan./abr. 2000. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/271/239. Acesso em: 10 jan. 2015.