12 de mai. de 2014

A catalogação como possibilidade de mediação da informação

Prof. Ms. João Arlindo dos Santos Neto
Departamento de Ciência da Informação da UEL

O termo “Mediação da Informação” está presente no discurso dos profissionais da informação de forma expressiva. Normalmente os bibliotecários, arquivistas, museólogos e gestores da informação se consideram mediadores da informação. No entanto, quando se questiona quais são as ações de mediação que esses profissionais desempenham, a maioria deles se referem às ações que são realizadas com a presença do usuário na sua unidade de informação.
Isto posto, justifica-se a exposição do conceito de mediação da informação, que segundo Almeida Júnior (2008, p. 46):

[...] é toda interferência - realizada pelo profissional da informação -, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional. (ALMEIDA JÚNIOR, 2008, p. 46).

A partir do conceito do referido autor, é possível compreender que a mediação da informação ocorre em todas as ações do profissional da informação e, não somente naquelas em que o usuário está presente. A  mediação está diretamente ligada às ações implícitas e explícitas que são voltadas para o usuário, e que a mesma é fundamental em todas as práticas do profissional da informação. Tendo em vista esse cenário, o mesmo autor amplia o conceito de mediação da informação, e propõe que este permite o seguinte desdobramento: mediação implícita da informação e mediação explícita da informação. (SANTOS NETO, 2014).
Deste modo,

A mediação implícita, ocorre nos espaços dos equipamentos informacionais em que as ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos usuários. [...] A mediação explícita, por seu lado, ocorre nos espaços em que a presença do usuário é inevitável, é condição sine qua non para sua existência, mesmo que tal presença não seja física, como, por exemplo, nos acessos à distância em que não é solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da informação. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 93).

Podemos inferir, resumidamente, a partir do exposto que a mediação implícita se dá nos espaços em que o profissional da informação, atua e não necessita da presença do usuário para desempenhar suas atividades. Já a mediação explícita, só ocorre se o usuário estiver presente, ainda que esta presença não seja física. (SANTOS NETO, 2014).
Nesse sentido, acredita-se que a catalogação é uma possibilidade de mediação da informação, de modo implícito, pois o bibliotecário interfere na descrição de um item bibliográfico, visando que este seja recuperado pelo usuário. Ainda que a catalogação seja direcionada por manuais e prescrições, ela é uma ação de interferência e de escolha do bibliotecário. Ao inserir metadados e descrever assuntos sobre um determinado item, o bibliotecário está interferindo diretamente no resultado da busca do usuário, podendo dificultar ou facilitar essa consulta.
Portanto, é importante ressaltar que a mediação da informação ocorre tanto nas atividades fins[1] quanto nas atividades meio[2] das unidades de informação. Para que a mediação da informação se concretize é necessário que a mediação implícita ocorra.
Acredita-se que os bibliotecários além de apresentarem em seu discurso o termo “Mediação da Informação”, é preciso também que eles realmente façam essa mediação e, que desempenhem o seu trabalho pensando sempre no usuário.

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: ampliando o conceito de disseminação. In: VALENTIM, Marta Lígia Pomim (Org.). Gestão da informação e do conhecimento. São Paulo: Polis; Cultura Acadêmica, 2008. p. 41-54.

SANTOS NETO, João Arlindo dos. Mediação Implícita da Informação no discurso dos bibliotecários da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina (UEL). 175f. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília/SP, 2014.



[1]   Considera-se como atividades fins o empréstimo, os serviços de referência etc.
[2] As atividades meio contemplam, entre outras, a compra, doação, permuta, catalogação, classificação, restauração, conservação etc.

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