Prof. Ms. João
Arlindo dos Santos Neto
Departamento de
Ciência da Informação da UEL
O termo “Mediação da
Informação” está presente no discurso dos profissionais da informação de forma
expressiva. Normalmente os bibliotecários, arquivistas, museólogos e gestores
da informação se consideram mediadores da informação. No entanto, quando se
questiona quais são as ações de mediação que esses profissionais desempenham, a
maioria deles se referem às ações que são realizadas com a presença do usuário
na sua unidade de informação.
Isto posto, justifica-se a
exposição do conceito de mediação da informação, que segundo Almeida Júnior
(2008, p. 46):
[...] é toda
interferência - realizada pelo profissional da informação -, direta ou
indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou
coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou
parcialmente, uma necessidade informacional. (ALMEIDA JÚNIOR, 2008, p. 46).
A partir do conceito do
referido autor, é possível compreender que a mediação da informação ocorre em
todas as ações do profissional da informação e, não somente naquelas em que o
usuário está presente. A mediação está
diretamente ligada às ações implícitas e explícitas que são voltadas para o
usuário, e que a mesma é fundamental em todas as práticas do profissional da
informação. Tendo em vista esse cenário, o mesmo autor amplia o conceito de
mediação da informação, e propõe que este permite o seguinte desdobramento:
mediação implícita da informação e mediação explícita da informação. (SANTOS
NETO, 2014).
Deste modo,
A mediação implícita, ocorre nos
espaços dos equipamentos informacionais em que as ações são desenvolvidas sem a
presença física e imediata dos usuários. [...] A mediação explícita, por seu
lado, ocorre nos espaços em que a presença do usuário é inevitável, é condição sine qua
non para sua existência, mesmo que
tal presença não seja física, como, por exemplo, nos acessos à distância em que
não é solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da
informação. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p. 93).
Podemos inferir,
resumidamente, a partir do exposto que a mediação implícita se dá nos espaços
em que o profissional da informação, atua e não necessita da presença do
usuário para desempenhar suas atividades. Já a mediação explícita, só ocorre se
o usuário estiver presente, ainda que esta presença não seja física. (SANTOS
NETO, 2014).
Nesse sentido, acredita-se
que a catalogação é uma possibilidade de mediação da informação, de modo
implícito, pois o bibliotecário interfere na descrição de um item
bibliográfico, visando que este seja recuperado pelo usuário. Ainda que a
catalogação seja direcionada por manuais e prescrições, ela é uma ação de
interferência e de escolha do bibliotecário. Ao inserir metadados e descrever
assuntos sobre um determinado item, o bibliotecário está interferindo
diretamente no resultado da busca do usuário, podendo dificultar ou facilitar
essa consulta.
Portanto, é importante ressaltar
que a mediação da informação ocorre tanto nas atividades fins[1]
quanto nas atividades meio[2]
das unidades de informação. Para que a mediação da informação se concretize é
necessário que a mediação implícita ocorra.
Acredita-se que os
bibliotecários além de apresentarem em seu discurso o termo “Mediação da
Informação”, é preciso também que eles realmente façam essa mediação e, que
desempenhem o seu trabalho pensando sempre no usuário.
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo
Francisco de. Mediação da informação: ampliando o conceito de disseminação. In:
VALENTIM, Marta Lígia Pomim (Org.). Gestão
da informação e do conhecimento. São Paulo: Polis; Cultura Acadêmica, 2008.
p. 41-54.
SANTOS
NETO, João Arlindo dos. Mediação
Implícita da Informação no discurso dos bibliotecários da Biblioteca Central da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). 175f . 2014. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus de Marília/SP, 2014.
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